Adalimumabe
Adalimumabe
Adalimumabe na Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa
Vamos aprender e esclarecer dúvidas sobre o que é o Adalimumabe, quais suas indicações, reações adversas, como é realizada sua administração. No final, abordaremos as dúvidas mais frequentes associadas ao tema.
Para uma avaliação completa do seu quadro clínico e das medicações que você usa, agende uma consulta com um de nossos especialistas.
O que é Adalimumabe?
O Adalimumabe é um medicamento biológico que atua como inibidor do fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), utilizado para tratar pacientes com doença inflamatória intestinal, algumas doenças reumatológicas e dermatológicas.
O Adalimumabe começou a ser desenvolvido na década de 1990, com o objetivo de criar um anticorpo totalmente humano capaz de inibir o TNF-alfa, uma proteína inflamatória muito importante em várias doenças autoimunes. O fato de ser idêntico às proteínas humanas poderia reduzir o risco de reações imunológicas contra a medicação.
Em 2002, foi aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration – agência de Saúde dos EUA) para tratamento da artrite reumatoide. Depois disso, recebeu aprovação para outras doenças autoimunes, incluindo a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. Desde sua aprovação, o Adalimumabe tornou-se um dos biológicos mais prescritos no mundo para doenças inflamatórias.
Como funciona?
O Adalimumabe atua inibindo o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), uma proteína que desempenha um papel central na resposta inflamatória de várias doenças autoimunes. Com a neutralização do TNF-alfa, o Adalimumabe reduz a inflamação, aliviando os sintomas e cicatrizando o intestino na Doença de Crohn e na Retocolite Ulcerativa.
Benefícios do tratamento
- Reduzir sintomas relacionados a Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa;
- Promover a cicatrização da mucosa intestinal;
- Reduzir hospitalizações relacionadas com a doença;
- Reduzir a necessidade de corticoide nas doenças inflamatórias intestinais;
- Ajudar no tratamento de manifestações extraintestinais das doenças inflamatórias intestinais, como a espondilite anquilosante e a uveíte;
- Melhorar a qualidade de vida com o controle da doença.
Tratamentos com Adalimumabe
Doenças tratadas:
- Doença de Crohn
- Retocolite Ulcerativa ou colite ulcerativa
- Artrite reumatoide
- Artrite psoriásica
- Espondilite anquilosante
- Espondiloartrite axial não radiográfica
- Psoríase
- Hidradenite supurativa
- Uveíte
Possíveis doenças induzidas:
- Lupus induzido por drogas – síndrome lúpus like
- Psoríase
- Exacerbação de Insuficiência Cardíaca
- Doenças desmielinizantes
- Hepatite autoimune
- Reativação de tuberculose latente
Tratamentos com Adalimumabe
Na Doença de Crohn: moderada a grave ou refratária a terapia convencional (azatioprina ou 6-mercaptopurina) ou nos pacientes dependentes de corticoide.
Na Retocolite Ulcerativa: moderada a grave que não respondeu ao tratamento convencional, incluindo aminosalicilatos, corticoides e imunossupressores, ou ainda nos pacientes que apresentaram intolerância a essas terapias.
Cuidados antes de iniciar o tratamento
Antes de iniciar o tratamento com Adalimumabe, é essencial realizar:
- Avaliação médica completa (história dos sintomas, doenças preexistentes, cirurgias; e exame físico);
- Exames de sangue, incluindo hemograma, Proteina C Reativa (PCR – prova inflamatória), avaliação da função renal, avaliação das vitaminas (ferro, B12, ácido fólico, vitamina D) e avaliação hepática;
- Exames de fezes;
- Testes para investigação de tuberculose devido ao risco de ativação dessa doença durante o tratamento: RX de tórax e prova tuberculínica (PPD) ou IGRA (Interferon-Gamma Release assays);
- Testes para infecções virais: HIV, hepatite B, hepatite C;
Atualização do cartão de vacinas
- Preferencialmente antes do início da imunossupressão;
- Vacinas indicadas para o imunossuprimido: Influenza, Covid, pneumocócica, hepatites A e B, meningo B (privado), meningo C, HPV, Herpes zoster inativada (Shingrix) (privado), dT/dTpa.
- As vacinas de vírus atenuado estão contraindicadas durante a imunossupressão: Dengue, febre amarela, Herpes zoster atenuada (Zostavax), Varicela, tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), BCG, poliomielite oral.
Administração do medicamento
Subcutânea
- Dose: primeira dose (160mg); segunda dose (80mg), terceira dose em diante (40mg)
- Tempo de injeção: a injeção subcutânea é administrada rapidamente, em poucos segundos.
- Periodicidade: a cada 2 semanas. A dose pode ser ajustada para 1x por semana, a depender da resposta ao tratamento. Esse ajuste é definido pelo médico.
- Possíveis reações adversas da injeção: reações no local da aplicação (dor, inchaço, hematoma (sangue sob a pele), coceira); fadiga, náuseas, dor de cabeça; reações alérgicas como coceira, erupção cutânea (vermelhidão na pele), dificuldade para respirar, dor no peito e alterações na pressão sanguínea (alta ou baixa).
Opinião quanto a via de administração: a realização da medicação subcutânea traz comodidade, pois permite a autoadministração em casa, sem a necessidade de deslocamento até um centro de infusão, e, além disso, a aplicação é mais rápida e não há preocupações quanto a necessidade de um acesso venoso, o que seria uma vantagem para pacientes com veias difíceis (ex idosos).
Por outro lado, é necessário treinamento do paciente para a autoadministração, pode ocorrer dor no local da aplicação e as reações alérgicas não podem ser prontamente identificadas e tratadas, já que o paciente não está com um profissional de saúde no momento da aplicação.
Além disso, outra possível desvantagem da realização subcutânea é que não é possível garantir o armazenamento adequado da medicação quando este é realizado no domicílio do paciente, o que pode comprometer a eficácia e segurança do tratamento.
Eficácia e segurança
Resultados esperados
Os pacientes podem apresentar uma melhora significativa dos sintomas geralmente dentro de algumas semanas após o início da medicação. Além disso, também promove cicatrização da mucosa intestinal e reduz a necessidade de corticosteroides para controle da doença.
Embora possa ser utilizado tanto na Retocolite Ulcerativa quanto na Doença de Crohn, os estudos sugerem que a taxa de resposta pode ser menor na Retocolite Ulcerativa. Uma vantagem do tratamento com o Adalimumabe, assim como outros Anti TNFs, é a melhora de algumas manifestações extraintestinais das doenças inflamatórias.
Efeitos colaterais:
- Infecções respiratórias (como faringite, sinusite, pneumonia), reações no local da injeção, dor de cabeça, fadiga, náuseas, alterações hepáticas
- Tuberculose e infecções sistêmicas bacterianas, fúngicas e virais. Sintomas semelhantes ao lúpus, doenças neurológicas desmielinizantes e piora da insuficiência cardíaca congestiva.
- Risco aumentado de neoplasias.
Onde aplicar?
Importância do TDM (Monitoramento Terapêutico de Medicamentos)
O que é TDM?
TDM significa Monitoramento Terapêutico de Drogas (do inglês, Therapeutic Drug Monitoring), que consiste em medir os níveis de um determinado medicamento no sangue.
Por que é importante?
A monitorização terapêutica de drogas serve para acompanhar a eficácia do tratamento e ajustar dose quando necessário. Níveis adequados da medicação no sangue se associam a melhor resposta ao tratamento. Ajuda também a identificar a formação de anticorpos contra a droga, situação que reduz o nível sanguíneo do medicamento, e em consequência, sua eficácia no controle da doença.
Como é feito?
O TDM é realizado através da coleta de amostras de sangue e análise laboratorial do nível sanguíneo da medicação e da detecção dos anticorpos contra a medicação. Essa coleta é indicada antes da próxima dose da medicação (por exemplo, 1 dia antes da injeção), na semana de tratamento determinada pelo médico.
O médico avalia os resultados desses exames em conjunto com a resposta clínica do paciente. Se os níveis da medicação estiverem baixos e/ou os anticorpos estiverem elevados, o médico pode considerar aumentar a dose, diminuir o intervalo entre as aplicações/infusões ou até mesmo trocar para outro medicamento imunobiológico.
Cobertura pelo plano?
Até o momento, o TDM não está listado no Rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) como um procedimento obrigatório para cobertura pelos planos de saúde.
O que sabemos sobre os Biossimilares de Adalimumabe?
Com o tempo, à medida que alguns imunobiológicos perderam a patente, foram sendo criados os biossimilares. O produto de referência, aquele inicialmente criado e aprovado, é chamado de medicamento originador. O biossimilar é um produto altamente semelhante ao produto de referência, que surgiu como uma alternativa eficaz e acessível em tratamentos de alto custo.
Medicamento originador: Humira
Biossimilares: Amgevita, Hadlima, Hulio, Hyrimoz, Idacio, Xilbrilada, Yuflyma
Comparação com o Adalimumabe original
Para serem aprovados, os biossimilares passam por testes clínicos que demonstram que não há diferenças clinicamente significativas entre o biossimilar e o medicamento de referência em termos de segurança, eficácia e qualidade.
A maior vantagem do biossimilar está relacionada ao custo. Eles são menos caros que o medicamento originador, o que pode aumentar o acesso a tratamentos para pacientes e reduzir os custos para o sistema de saúde.
Conheça o NuDii e faça seu intestino sorrir! =)
Aviso:
As informações fornecidas neste texto são apenas para fins informativos e educacionais e não substituem a consulta médica. Sempre procure orientação médica para diagnóstico e tratamento adequados.
Referências
- Brazilian Organization for Crohn’s Disease and Colitis. Second Brazilian Consensus on the Management of Crohn’s disease in adults: a consensus of the Brazilian Organization for Crohn’s Disease and Colitis (GEDIIB). Arq Gastroenterol. 2022.
- Brazilian Organization for Crohn’s Disease and Colitis. Second Brazilian consensus on the management of ulcerative colitis in adults: a consensus of the Brazilian Organization for Crohn’s Disease and Colitis (GEDIIB). Arq Gastroenterol. 2022.
- Humira [bula]. São Paulo: AbbVie Farmacêutica Ltda. 2019 [citado 2024 Ago 27]. Disponível em: https://www.abbvie.com.br/content/dam/abbvie-dotcom/br/documents/HUMIRA-VP.pdf
- Rutgeerts P, Van Assche G, Sandborn WJ, Wolf DC, Geboes K, Colombel JF, et al. Adalimumab induces and maintains mucosal healing in patients with Crohn’s disease: data from the EXTEND trial. Gastroenterology. 2012 May;142(5):1102-1111.e2.
- ]andborn WJ, van Assche G, Reinisch W, Colombel JF, D’Haens G, Wolf DC, et al. Adalimumab induces and maintains clinical remission in patients with moderate-to-severe ulcerative colitis. Gastroenterology. 2012 Feb;142(2):257-65.e1-3.
O que é o Adalimumabe e como ele funciona?
Quais são os efeitos colaterais do Adalimumabe?
Como o Adalimumabe é administrado?
Quanto tempo leva para o Adalimumabe fazer efeito?
O Adalimumabe cura a Doença de Crohn ou a Retocolite Ulcerativa?
O Adalimumabe pode ser utilizado durante a gravidez ou amamentação?
Por quanto tempo precisarei usar o Adalimumabe?
O Adalimumabe pode perder a eficácia ao longo do tempo?
O Adalimumabe pode ser usado em combinação com outros medicamentos?
Como sei se o Adalimumabe está funcionando?
Outras perguntas interessantes:
Posso tomar vacinas enquanto estou em tratamento com Adalimumabe?
Resposta: Enquanto estiver em tratamento com Adalimumabe, é recomendado evitar vacinas de vírus vivos ou atenuados. No entanto, outras vacinas, como a da gripe inativada, geralmente são seguras. Consulte sempre seu médico antes de tomar qualquer vacina.
Posso consumir álcool enquanto uso Adalimumabe?
Resposta: Embora não haja uma contraindicação direta entre Adalimumabe e álcool, o consumo de álcool deve ser controlado, especialmente se você estiver tomando outros medicamentos que podem afetar o fígado. Consulte o seu médico para obter recomendações personalizadas.
O que devo fazer se tiver uma reação no local da injeção?
Resposta: Reações leves, como vermelhidão e inchaço, são comuns e geralmente desaparecem por conta própria. Aplicar gelo no local pode ajudar a aliviar o desconforto. Se a reação for grave ou não desaparecer, entre em contato com seu médico.