Exames
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Quais sintomas indicam Doenças Inflamatórias Intestinais?
As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) podem causar uma variedade de sintomas desconfortáveis e debilitantes, te fazendo perder a qualidade de vida, levar a depressão e dificuldades no dia a dia.
É importante reconhecer os sintomas que podem ser típicos na Doença de Crohn ou na Retocolite Ulcerativa para te ajudar a buscar o cuidado adequado:
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Dor abdominal crônica
Sensação de dor ou desconforto na região abdominal, que pode variar de leve a intensa e pode ser constante ou intermitente.
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Diarreia persistente
Fezes frequentes e soltas que podem conter sangue, muco ou pus.
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Sangramento retal
Presença de sangue vivo ou escuro nas fezes ou no papel higiênico.
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Perda de peso não intencional
Redução de peso sem mudanças na dieta ou no nível de atividade física.
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Fadiga extrema
Sensação de cansaço persistente, mesmo após períodos de repouso adequado.
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Febre
Aumento da temperatura corporal, geralmente associado a episódios de inflamação aguda.
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Náuseas e vômitos
Sensação de enjoo ou desconforto gástrico, muitas vezes acompanhada de vômitos.
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Inchaço abdominal
Sensação de distensão ou inchaço na região abdominal devido ao acúmulo de gases ou inflamação.
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Frequência de evacuação alterada
Mudanças nos hábitos intestinais em surto, podendo até mesmo vir na forma de constipação (intestino preso) em casos mais graves.
Diagnóstico das Doenças Inflamatórias Intestinais
As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) podem afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, no caso da Doença de Crohn – do esôfago ao reto – e no caso da Retocolite a doença está restrita ao cólon e reto.
O diagnóstico preciso é fundamental para o manejo adequado, escolha da terapia e melhora da qualidade de vida do paciente.
Tipos de Exames
Exames de imagem
Colonoscopia
Permite que o médico examine o interior do reto, cólon (intestino grosso) e a porção final do intestino delgado (íleo). Assim, um colonoscópio, que é um tubo longo e flexível com uma câmera, é inserido pelo reto para examinar toda a extensão do cólon.
Também são coletadas biópsias seriadas para análise histológica, o que ajuda a confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da doença.
Existem alterações importantes nesse exame que podem apontar para essas doenças. Tais alterações podem ser visuais – através da visualização da “inflamação intestinal” – como, por exemplo, edema de mucosa, enantema e úlceras.
E as alterações também podem ser microscópicas, identificadas por meio de biópsias que colaboram para o diagnóstico, tais como micro-abscessos de criptas e granulomas não caseosos.
A colonoscopia é considerada um exame indispensável para o diagnóstico de Doenças Inflamatórias Intestinais, inclusive porque, essas doenças estão mais propensas ao surgimento de câncer colorretal, e a possibilidade da realização de biópsias costuma ser imprescindível em pacientes portadores.
Endoscopia
A endoscopia digestiva alta é um exame que permite a visualização direta do esôfago, estômago e duodeno. Utilizando um endoscópio – um tubo flexível com uma câmera na ponta -, o médico pode identificar inflamações, úlceras, sangramentos ou outras anomalias na parte superior do trato gastrointestinal.
Esse exame também é utilizado para monitorar a resposta ao tratamento e para biopsiar áreas suspeitas de inflamação ou outras alterações.
A endoscopia é um exame muito importante também para descartar Doença de Crohn com acometimento de trato intestinal alto e, além disso, é de grande valia para realizar biópsias duodenais e identificar se a causa da diarreia do paciente não é intolerância ao glúten (doença celíaca).
É importante salientar que a Doença de Crohn e a Doença Celíaca podem se manifestar ao mesmo tempo.
Enteroscopia
A enteroscopia é um procedimento endoscópico especializado que permite a visualização detalhada do intestino delgado. Utiliza um endoscópio longo e flexível, que pode ser inserido através da boca ou do ânus, dependendo da área a ser examinada. Existem vários tipos de enteroscopia, incluindo a enteroscopia de duplo balão, que é frequentemente usada para alcançar segmentos mais distais do intestino delgado.
Esse exame pode ser utilizado para avaliar atividade da Doença de Crohn do intestino delgado, podendo até ter finalidade não apenas diagnóstica, como também terapêutica em casos que necessitem de dilatação.
Enterografia por ressonância magnética (enterorressonância)
A enteroressonância, também conhecida como ressonância magnética do intestino delgado, é um exame de imagem avançado que utiliza campos magnéticos e ondas de rádio para obter imagens detalhadas da área examinada. Durante o exame, o paciente ingere uma solução de contraste oral para distender o intestino, permitindo uma visualização clara das paredes intestinais e estruturas adjacentes.
Tanto esse exame, quanto seu “primo” a enterotomografia, são utilizados para avaliar principalmente atividade de doença de intestino delgado, colaborar para o diagnóstico de Doença de Crohn, diagnosticar estenoses e fístulas, além de dar a possibilidade de identificar extensão de atividade inflamatória.
Hoje, consideramos que um desses dois exames devem fazer parte de uma boa investigação em casos de suspeita de Doenças Inflamatórias Intestinais
Enterografia por tomografia computadorizada (enterotomografia)
A enterotomografia, ou enterografia por tomografia computadorizada, é um exame de imagem que utiliza raios-X e um agente de contraste para criar imagens detalhadas e de alta resolução do órgão. O paciente ingere uma solução de contraste e, em alguns casos, pode receber contraste intravenoso para melhorar a visualização das estruturas internas.
A grande diferença desse exame para a enterorressonância magnética é o método de análise, enquanto um é realizado por ressonância e tem ligeira superioridade no quesito precisão diagnóstica e sem uso de radiação, o outro é feito com uso de raios-x e leva ligeira pior vantagem no quesito avaliação da doença.
Entretanto, o custo do exame por tomografia tende a ser inferior e o tempo de exame ser menor, o que facilita o acesso e a realização.
Então, a escolha de qual exame é mais adequado para o paciente depende da necessidade e da possibilidade da realização. Ambos são excelentes e colaboram imensamente para o diagnóstico e seguimento das Doenças Inflamatórias Intestinais.
Ultrassonografia intestinal
A ultrassonografia intestinal é um exame de imagem não invasivo que utiliza ondas sonoras para criar imagens do intestino, ajudando a identificar áreas inflamadas ou estenoses. Este exame pode ser usado para monitorar a progressão da doença e a resposta ao tratamento, fornecendo uma avaliação contínua sem exposição à radiação.
Esse tipo de exame é especialmente indicado para pacientes que possuem atividade da doença na porção final do intestino delgado, ceco e início do cólon direito, e pode ser realizado no ato da consulta por um gastroenterologista especializado, dispensando muitas vezes outros exames no seguimento da doença.
Cápsula endoscópica
A cápsula endoscópica é um exame minimamente invasivo em que o paciente engole uma pequena cápsula equipada com uma câmera, permitindo a visualização de todo o trato gastrointestinal.
Esse exame é especialmente útil para examinar o intestino delgado, uma área de difícil acesso com métodos endoscópicos tradicionais. Ele é eficaz na detecção de inflamações, úlceras, estenoses e outras anomalias associadas à Doença de Crohn.
A cápsula endoscópica é um exame que atualmente tem indicação restrita, especialmente por não ter a capacidade de realizar biópsias. Costuma-se indicar para pacientes de difícil diagnóstico, ou com anemia de causa desconhecida onde outros exames de imagem não detectaram alterações.
O alto custo desse exame e a não cobertura atualmente (2024) pelas operadoras de saúde fazem com que a realização desse exame seja restrita a centros especializados.
Testes de laboratório
Calprotectina fecal
A calprotectina fecal (sim, é um exame de fezes!) é um exame laboratorial que mede os níveis de calprotectina, uma proteína encontrada em neutrófilos, nas fezes. Assim, níveis elevados podem indicar atividade inflamatória. Com esse exame é possível diferenciar entre Doenças Inflamatórias Intestinais e outras condições gastrointestinais menos graves, como a Síndrome do Intestino Irritável (SII).
Atualmente, considera-se que a calprotectina fecal seja um dos melhores exames para diagnóstico e seguimento dos doentes portadores da Doença de Crohn e da Retocolite Ulcerativa. Redução nos níveis desse exame costumam estar associados ao sucesso no tratamento da doença.
Hoje, esse exame está coberto pelo hall da ANS, sendo possível realizá-lo através de seu plano de saúde, e seu acesso tem crescido rapidamente por não se tratar de um exame invasivo como a colonoscopia, apesar de não substituí-la, muitas vezes colabora para que o médico não seja compelido a solicitar anualmente para pacientes em remissão clínica.
Exames de sangue
Hemograma
O hemograma é um exame importantíssimo para o diagnóstico e seguimento de Doenças Inflamatórias Intestinais, já que alterações como anemia (redução de células vermelha) e leucocitose (aumento de células brancas) podem aparecer nas doenças e ser um marcador importante da atividade das mesmas
Apesar de importantes para o seguimento, essas alterações podem estar presentes em inúmeras outras doenças. Logo, devem ser valorizadas de acordo com os achados de outros exames.
Marcadores inflamatórios sanguíneos (PCR / VHS)
O uso de exames de sangue para acompanhamento de “inflamação” são valiosos para monitorar a atividade da doença após o diagnóstico.
Assim, utiliza-se os marcadores do PCR (proteína C reativa) e VHS (velocidade de hemossedimentação).
No entanto, é importante destacar que esses exames são extremamente inespecíficos e podem apresentar valores elevados devido a outras condições do corpo, como após um exercício intenso ou em infecções em geral.
Portanto, não devem ser utilizados de rotina como fator prognóstico.
ANCA (Anticorpos Anticitoplasma de Neutrófilos)
O exame de ANCA é um teste de sangue que detecta a presença de anticorpos direcionados contra componentes do citoplasma dos neutrófilos. Existem dois padrões principais de ANCA: p-ANCA (perinuclear) e c-ANCA (citoplasmático).
Diagnóstico diferencial: o p-ANCA é frequentemente encontrado em pacientes com Retocolite Ulcerativa (70%) e menos comumente em pacientes com Doença de Crohn (20%). Isso pode ajudar a diferenciar entre essas duas principais formas de Doenças Inflamatórias Intestinais, e principalmente de outras colites como a inespecífica.
Contudo, é importante frisar que esse tipo de teste atualmente não tem tanto utilidade na prática clínica, já que outros exames têm mais precisão para o diagnóstico. Logo, reservamos a solicitação de p-ANCA apenas em caso de dúvida diagnóstica extrema.
ASCA (Anticorpos Anti-Saccharomyces cerevisiae)
O exame de ASCA é um teste de sangue que mede a presença de anticorpos contra a levedura Saccharomyces cerevisiae. Existem dois tipos de anticorpos ASCA: ASCA-IgA e ASCA-IgG, que podem ser detectados em pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais.
Diagnóstico diferencial: a presença de anticorpos ASCA é mais comum em pacientes com Doença de Crohn, principalmente quando os dois exames são positivos (IGA e IGG) atingindo até 97% de especificidade quando suspeita-se da doença.
Entretanto, esse anticorpo pode estar presente em outras doenças como , por exemplo, na doença celíaca. Além disso, falsos negativos não são incomuns e, sendo assim, não excluem a Doença de Crohn
Logo, o diagnóstico não deve ser baseado apenas nesse exame.
Combinando informações clínicas, exame físico, resultados de exames de imagem e análises laboratoriais ao longo de determinado período (costumamos dizer que é um diagnóstico dado em um “filme” e não apenas em uma “foto”), os médicos podem estabelecer um diagnóstico preciso da Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa e desenvolver um plano de tratamento adequado.
Não deixe que as Doenças Inflamatórias Intestinais limitem sua vida. Com o diagnóstico e tratamento adequados, você pode recuperar sua saúde digestiva e aproveitar ao máximo cada dia.
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Aviso:
As informações fornecidas neste texto são apenas para fins informativos e educacionais e não substituem a consulta médica. Sempre procure orientação médica para diagnóstico e tratamento adequados.