O uso de Infliximabe na Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa

Seu guia completo sobre este importante medicamento

Vamos aprender e esclarecer dúvidas sobre uma das medicações que mais revolucionou o tratamento das Doenças Inflamatórias Intestinais. Aqui, nós explicaremos o que é o Infliximabe, quais suas indicações, reações adversas e como é realizada sua administração. No final, abordaremos as dúvidas mais frequentes associadas ao tema.

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O que é Infliximabe?

A Sulfassalazina é um medicamento amplamente utilizado no tratamento da Colite Ulcerativa, uma doença inflamatória intestinal que causa inflamação e ulcerações no cólon. Neste artigo, vamos entender como a Sulfassalazina funciona, quais são seus benefícios e como ela pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

É um medicamento biológico que atua bloqueando a ação do Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-alfa), utilizado para tratar pacientes com Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa. Pode ser usado por via intravenosa, e mais recentemente, também por via subcutânea. O grande destaque para essa medicação é seu rápido início de ação.

O Infliximabe foi inicialmente usado na Artrite Reumatoide. Seu primeiro uso na Doença Inflamatória Intestinal aconteceu em Amsterdã, em 1993, numa paciente de 12 anos com Doença de Crohn refratária às terapias convencionais. Ela teve melhora imediata após a primeira dose da medicação. Em 1998, a terapia foi então aprovada pelo FDA (Food and Drug Administration – agência de Saúde dos EUA) para uso no tratamento da Doença de Crohn, tornando-se o primeiro imunobiológico aprovado para as Doenças Inflamatórias Intestinais. A aprovação no Brasil ocorreu em 2000. Atualmente, está disponível para o tratamento de Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa tanto na rede privada como na rede pública.

Como funciona?

O Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-alfa) é uma proteína sintetizada por células do sistema imunológico, ativando resposta inflamatória nos tecidos. O Infliximabe atua bloqueando a ação do TNF-alfa, e, dessa forma, promove a redução da inflamação e o controle da doença.

Benefícios do tratamento

  • Melhorar os sintomas da doença.
  • Rápido início de ação, sendo uma das terapias de escolha nos casos de colite aguda grave.
  • Reduzir a inflamação tecidual provocada pela doença, promovendo a cicatrização de feridas e úlceras.
  • Tratar fístulas intestinais e perianais.
  • Reduzir uso de corticoides.
  • Reduzir taxas de hospitalização.
  • Evitar procedimentos cirúrgicos.
  • Melhorar a qualidade de vida com o controle da doença.

Tratamentos com Infliximabe

Doenças tratadas

  • Doença de Crohn.
  • Retocolite Ulcerativa.
  • Artrite reumatoide.
  • Espondilite anquilosante.
  • Artrite psoriásica.
  • Psoríase em placas.

Possíveis doenças induzidas pelo uso do Infliximabe

Uma doença induzida é um conjunto de alterações clínicas e laboratoriais relacionadas a uma outra doença diferente do diagnóstico inicial, e que se desenvolve em decorrência do tratamento utilizado.

No caso do Infliximabe, podemos citar como doenças induzidas:

  • Lúpus induzido por drogas – síndrome lúpus like.
  • Psoríase.
  • Exacerbação de Insuficiência Cardíaca.
  • Doenças desmielinizantes.
  • Hepatite autoimune.
  • Reativação de tuberculose latente.

Para quem é indicado?

Na Doença de Crohn: moderada a grave ou refratária a terapia convencional, ou pacientes dependentes de corticoide; na doença perianal e na doença fistulizante em outras regiões (enterocutaneas, retovaginal).

Na Retocolite Ulcerativa: moderada a grave refratária ao imunossupressor ou com doença complicada, ou com características de pior prognóstico; pacientes com colite aguda grave não respondedores ao corticoide venoso.

Cuidados antes de iniciar o tratamento

Antes de iniciar o tratamento com Infliximabe, é essencial realizar:

  • Avaliação médica completa (história dos sintomas, doenças preexistentes, cirurgias; e exame físico).
  • Exames de sangue, incluindo hemograma, Proteína C Reativa (PCR-prova inflamatória), avaliação da função renal, avaliação das vitaminas (ferro, B12, ácido fólico, vitamina D) e avaliação hepática.
  • Exames de fezes.
  • Testes para investigação de tuberculose devido ao risco de ativação dessa doença durante o tratamento: RX de tórax e Prova Tuberculínica (PPD) ou IGRA (Interferon-Gamma Release Assays).
  • Testes para infecções virais: HIV, hepatite B, hepatite C;

Atualização do cartão de vacinas

  • Preferencialmente antes do início da imunossupressão.
  • Vacinas indicadas para o imunossuprimido: Influenza, Covid, Pneumocócica, hepatites A e B, Meningo B (privado), Meningo C, HPV, Herpes Zoster inativada (Shingrix) (privado), dT/dTpa.
  • As vacinas de vírus atenuado estão contraindicadas durante a imunossupressão: Dengue, Febre Amarela, Herpes Zoster atenuada (Zostavax), Varicela, Tríplice Viral (sarampo, rubéola e caxumba), BCG, Poliomielite oral.

Administração do medicamento

Realizada em duas fases: a fase inicial é denominada fase de indução – fase mais intensa, com doses maiores ou intervalos mais curtos entre as doses; a fase seguinte é denominada fase de manutenção – dose e periodicidade que serão mantidas por tempo prolongado enquanto controlarem a doença.

Fase de indução: intravenoso

  • Dose: 5 a 10mg/Kg.
  • Tempo de infusão: administrada por um período mínimo de 2 horas.
  • Periodicidade: dose inicial, seguida de infusões adicionais nas semanas 2 e 6 após a primeira infusão.
  • Possíveis reações adversas da infusão: reações alérgicas com urticária, falta de ar, dor no peito e pressão sanguínea alta ou baixa, dor muscular, dor nas articulações, febre, dor de cabeça, náusea, vômito, diarreia, tontura, erupção cutânea e cansaço.

Opinião quanto a via de administração: a administração da medicação é realizada por um profissional de saúde, em um centro de infusão, no qual o paciente é monitorado durante a infusão, permitindo uma rápida identificação e tratamento de reações adversas imediatas. Por outro lado, é necessário acesso venoso para a administração da medicação, sendo às vezes difícil e doloroso para alguns pacientes; e deslocamento para um centro de infusão.

Fase de manutenção: intravenoso

  • Dose: 5 a 10mg/Kg.
  • Tempo de infusão: administrada por um período de 1 a 2 horas.
  • Periodicidade: infusão mantida a cada 4 semanas ou a cada 8 semanas, a depender da prescrição médica.
  • Possíveis reações adversas da infusão: reações alérgicas com urticária, falta de ar, dor no peito e pressão sanguínea alta ou baixa, dor muscular, dor nas articulações, febre, dor de cabeça, náusea, vômito, diarreia, tontura, erupção cutânea e cansaço.

Opinião quanto a via de administração: a administração da medicação é realizada por um profissional de saúde, em um centro de infusão, no qual o paciente é monitorado durante a infusão, permitindo uma rápida identificação e tratamento de reações adversas imediatas. Por outro lado, é necessário acesso venoso para a administração da medicação, sendo às vezes difícil e doloroso para alguns pacientes; e deslocamento para um centro de infusão.

Subcutâneo

  • Dose: 120mg.
  • Tempo de aplicação: a injeção subcutânea é administrada rapidamente; é necessário aguardar 30 min para deixar a seringa em temperatura ambiente e permitir que aqueça naturalmente.
  • Periodicidade: a fase de indução é realizada com 2 doses endovenosas de 5 mg/Kg: uma dose inicial, seguida da segunda dose 2 semanas após. A fase de manutenção tem início na semana 6, com dose subcutânea, que será mantida a cada 2 semanas. São realizadas 2 doses endovenosas de 5mg/Kg na fase de indução, com intervalo de 2 semanas entre elas; após 4 semanas da última dose, inicia-se a dose subcutânea, que será mantida a cada 2 semanas.
  • Possíveis reações adversas da aplicação: dor local; reações alérgicas com urticária, falta de ar, dor no peito e pressão sanguínea alta ou baixa, dor muscular, dor nas articulações, febre, dor de cabeça, náusea, vômito, diarreia, tontura, erupção cutânea e cansaço.

Opinião quanto a via de administração: a realização da medicação subcutânea traz comodidade, pois permite a autoadministração em casa, sem a necessidade de deslocamento até um centro de infusão, e, além disso, a aplicação é mais rápida e não há preocupações quanto a necessidade de um acesso venoso, o que seria uma vantagem para pacientes com veias difíceis (ex idosos). Por outro lado, é necessário treinamento do paciente para a autoadministração, pode ocorrer dor no local da aplicação e as reações alérgicas não podem ser prontamente identificadas e tratadas, já que o paciente não está com um profissional de saúde no momento da aplicação.

Eficácia e segurança

Resultados esperados

O Infliximabe é eficaz na indução e remissão clínica, laboratorial e endoscópica de pacientes com Retocolite Ulcerativa e Doença de Crohn. É a primeira escolha para pacientes com doença perianal e a principal escolha de imunobiológico nos pacientes com colite aguda grave. Além disso, também apresenta excelente resposta para o tratamento das manifestações extraintestinais da doença, como pioderma gangrenoso e dor articular.

Efeitos colaterais

Infecções respiratórias (como bronquite, sinusite, resfriado), dor, febre, dor de cabeça, náusea, vômito, diarreia, tontura, tosse, erupção cutânea e cansaço.
Tuberculose e infecções sistêmicas bacterianas, fúngicas e virais. Sintomas semelhantes ao lúpus, doenças neurológicas desmielinizantes e piora da insuficiência cardíaca congestiva.
Risco aumentado de neoplasias.

Onde aplicar?

Importância do TDM (Monitoramento Terapêutico de Medicamentos)

O que é TDM?

TDM significa Monitoramento Terapêutico de Drogas (do inglês, Therapeutic Drug Monitoring), que consiste em medir os níveis de um determinado medicamento no sangue.

Por que é importante?

A monitorização terapêutica de drogas serve para acompanhar a eficácia do tratamento e ajustar a dose quando necessário. Níveis adequados da medicação no sangue se associam a melhor resposta ao tratamento. Ajuda também a identificar a formação de anticorpos contra a droga, situação que reduz o nível sanguíneo do medicamento, e em consequência, sua eficácia no controle da doença.

Como é feito?

O TDM é realizado através da coleta de amostras de sangue e análise laboratorial do nível sanguíneo da medicação e da detecção dos anticorpos contra a medicação. Essa coleta é indicada antes da próxima dose da medicação (por exemplo, 1 dia antes da aplicação/infusão), na semana de tratamento determinada pelo médico.

O médico avalia os resultados desses exames em conjunto com a resposta clínica do paciente. Se os níveis da medicação estiverem baixos e/ou os anticorpos estiverem elevados, o médico pode considerar aumentar a dose, diminuir o intervalo entre as aplicações/infusões ou até mesmo trocar para outro medicamento imunobiológico.

Cobertura pelo plano?

Até o momento, o TDM não está listado no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) como um procedimento obrigatório para cobertura pelos planos de saúde.

O que sabemos sobre os biossimilares de Infliximabe?

O que sabemos sobre os biossimilares de Infliximabe?

Definição

Com o tempo, à medida que alguns imunobiológicos perderam a patente, foram sendo criados os biossimilares. O produto de referência, aquele inicialmente criado e aprovado, é chamado de medicamento originador. O biossimilar é um produto altamente semelhante ao produto de referência, que surgiu como uma alternativa eficaz e acessível em tratamentos de alto custo.

Medicamento originador: Remicade

Biossimilares: Avsola, Remsima (venoso e subcutâneo), Renflexis, Xilfya

Comparação com o Infliximabe original

Para serem aprovados, os biossimilares passam por testes clínicos que demonstram que não há diferenças clinicamente significativas entre o biossimilar e o medicamento de referência em termos de segurança, eficácia e qualidade. A maior vantagem do biossimilar está relacionada ao custo. Eles são menos caros que o medicamento originador, o que pode aumentar o acesso a tratamentos para pacientes e reduzir os custos para o sistema de saúde.

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Aviso:

As informações fornecidas neste texto são apenas para fins informativos e educacionais e não substituem a consulta médica. Sempre procure orientação médica para diagnóstico e tratamento adequados.

Referências

  1. Brazilian Organization for Crohn’s Disease and Colitis. Second Brazilian Consensus on the Management of Crohn’s disease in adults: a consensus of the Brazilian Organization for Crohn’s Disease and Colitis (GEDIIB). Arq Gastroenterol. 2022.
  2. Brazilian Organization for Crohn’s Disease and Colitis. Second Brazilian consensus on the management of ulcerative colitis in adults: a consensus of the Brazilian Organization for Crohn’s Disease and Colitis (GEDIIB). Arq Gastroenterol. 2022.
  3. Cheifetz AS, Abreu MT, Afif W, Cross RK, Dubinsky MC, Loftus Jr EV, et al. A comprehensive literature review and expert consensus statement on therapeutic drug monitoring of biologics in inflammatory bowel disease. Am J Gastroenterol. 2021 October 01; 116(10): 2014–2025.
  4. Remicade [bula]. São Paulo: Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda; 2024 [citado 2024 Ago 27]. Disponível em: https://www.janssen.com/brasil/sites/www_janssen_com_brazil/files/prod_files/live/remicade_pub_vps.pdf
  5. Targan SR, Hanauer SB, van Deventer SJ, Mayer L, Present DH, Braakman T, et al. A short-term study of chimeric monoclonal antibody cA2 to tumor necrosis factor alpha for Crohn’s disease. Crohn’s Disease cA2 Study Group. N Engl J Med. 1997 Oct 9;337(15):1029-35.
O que é Infliximabe?

O Infliximabe é um medicamento biológico que atua no sistema imunológico, ajudando a reduzir a inflamação. Ele é utilizado para tratar doenças como a Doença de Crohn, colite ulcerativa, artrite reumatoide e psoríase.

Como o Infliximabe funciona?

O Infliximabe bloqueia uma proteína chamada fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), que está envolvida no processo inflamatório. Ao bloquear o TNF-alfa, o Infliximabe ajuda a reduzir a inflamação e a destruição tecidual.

Quais são os benefícios do tratamento com Infliximabe?

Redução da inflamação e dos sintomas da doença, melhora da qualidade de vida, aumento da remissão da doença, redução da necessidade de outros medicamentos e prevenção de complicações a longo prazo.

Quais são os efeitos colaterais do Infliximabe?

Infecções (respiratórias, urinárias, etc.), reações alérgicas, dores de cabeça, náuseas e fadiga. É importante lembrar que cada pessoa reage de forma diferente ao medicamento.

Quem não pode usar o Infliximabe?

O Infliximabe não é indicado para todos. Pessoas com infecções ativas, alergia ao medicamento ou a outros componentes da fórmula e algumas doenças específicas não devem utilizar o Infliximabe. É fundamental conversar com seu médico para avaliar os riscos e benefícios do tratamento.

FAQ
Dúvidas frequentes
FAQ
Dúvidas frequentes
Como o Infliximabe é administrado?

O Infliximabe é geralmente administrado por infusão endovenosa em um hospital ou clínica. A frequência das doses varia de acordo com a doença e a resposta ao tratamento.

Quanto tempo leva para o Infliximabe fazer efeito?

O tempo para o Infliximabe começar a fazer efeito pode variar de pessoa para pessoa. Em alguns casos, os primeiros benefícios podem ser observados em poucos dias, mas em outros pode levar mais tempo.

Infliximabe cura a doença?

O Infliximabe não cura a doença, mas ajuda a controlar os sintomas e a prevenir complicações. O tratamento com Infliximabe é geralmente um tratamento de longo prazo.

Quais cuidados devo ter durante o tratamento com Infliximabe?

Seguir as orientações do médico, informar o médico sobre qualquer outro medicamento que esteja usando, informar o médico sobre qualquer sintoma de infecção em manter as vacinas em dia (exceto as vacinas com vírus vivos).

O Infliximabe é seguro para gestantes?

O Infliximabe pode ser mantido durante a gravidez. É fundamental conversar com seu médico sobre os riscos e benefícios do tratamento nesses casos.

Outras perguntas interessantes:

O que acontece se eu parar de tomar o Infliximabe?

A interrupção do tratamento pode levar ao retorno dos sintomas da doença. É importante conversar com o médico antes de interromper o tratamento.

Posso tomar outras medicações junto com o Infliximabe?

Sim, é possível tomar outras medicações junto com o Infliximabe. No entanto, é fundamental informar o médico sobre todos os medicamentos que estão sendo utilizados para evitar interações medicamentosas.

O Infliximabe pode afetar a fertilidade?

Embora não existam estudos definitivos sobre o impacto do Infliximabe na fertilidade, é recomendado conversar com o médico sobre essa questão, especialmente se estiver planejando engravidar.

O Infliximabe pode ser utilizado em crianças?

Sim, o Infliximabe pode ser utilizado em crianças com algumas doenças inflamatórias, como a Doença de Crohn e a artrite idiopática juvenil. A dose e a frequência das doses são ajustadas de acordo com a idade e o peso da criança.

Posso realizar atividades físicas durante o tratamento com Infliximabe?

Sim, a prática de atividades físicas é recomendada durante o tratamento, desde que seja orientada pelo médico.

Posso viajar durante o tratamento com Infliximabe?

Sim, é possível viajar durante o tratamento com Infliximabe. No entanto, é importante organizar o agendamento das doses para não interromper o tratamento.

O que devo fazer em caso de uma reação alérgica ao Infliximabe?

Em caso de reação alérgica, procure atendimento médico imediatamente. Os sintomas de uma reação alérgica podem incluir erupção cutânea, coceira, inchaço, dificuldade para respirar e tontura.

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